Começo esta resposta com a seguinte palavra: Depende. Por que “depende”? Bom vamos explanar um pouco então…
Todo e qualquer esporte exige em sua periodização algo chamado de destreinamento, que é o período sem treinamento ou com treinamento com baixa intensidade e volume baixo. Este período, dependendo do esporte, costuma ocorrer ao final de uma temporada completa.
Porém para muitos esportes, este tipo de programação não se encaixa, pois existem vários períodos importantes dentro de uma mesma temporada, onde muitas vezes o período de intensidade mais leve já deve ocorrer em meio a uma temporada. Por isso, depende…
Depende do seu esporte, do seu nível de treinamento e de quando sua próxima competição vai ocorrer. No geral, se seu esporte correu o ano inteiro, como em uma temporada de futebol ocorre e ao final você tem férias, seu período de destreinamento ocorre nas férias.
Contudo é bom se atentar a algo… Já ouvi muitas atletas falando: nas férias eu aproveito mesmo, descanso muito e não treino. Não julgo, porém esta não é uma atitude muito inteligente.
Aqui vai um pouco “depende”, pois quanto tempo estas férias duram? Um mês? É muita coisa para ficar parado sem fazer nada. Vai sofrer, e muito, na volta aos treinos. Nestes casos, eu diria que ficar uma semana a 10 dias é o período ideal para não fazer NADA. Após 10 dias, já ocorrem alterações no nível de condicionamento, especialmente com redução na capacidade aeróbica.
Então, utilizar de sete (7) dias sem atividade é um bom período. Aproveitar para viajar e estar com as pessoas próximas vai ajudar inclusive na manutenção da saúde mental. Nos três (3) dias seguintes iniciar atividades leves a moderadas e na semana seguinte iniciar alguns treinamentos, mesmo que em dias reduzidos, como 3 a 4 dias da semana para gerar readaptação.
Nosso corpo é ingrato. O que levamos meses para construirmos pode ser facilmente derrubado em algumas semanas.
Bem, falei do período após uma temporada, porém alguns atletas de certa forma estão no meio de uma ou já possuem competições no mês seguinte. Sinto informar a estes, porém vocês não têm este privilégio de estar uma semana sem fazer nada. A sua planilha se treino deve seguir.
É claro que não é só o treino que influencia na capacidade de readaptação. É importante levar em consideração que esta época do ano é bastante associada a alimentos ricos em açúcar, gordura e bebidas alcoólicas.
Pode beber? Se você está no meio de uma preparação, não há sentido em sacrificá-la. Salvo é claro casos onde pouca bebida é ingerida. Quanto ao sujeito de férias, este tem maior liberdade para poder beber. Porém, vale ressaltar que o álcool pode prejudicar sua capacidade de recuperação muscular.
Caso beba, associar sempre com constante hidratação. Se devemos beber no mínimo 0,05ml para cada quilo corporal em uma situação normal, pode aumentar este valor para 0,07ml (multiplique este valor pelo seu peso para saber quantos litros de água deve beber por dia).
E nestes dias parado, eu aprendi que não vale a pena recusar comida. Não entendeu? Sua vó fez uma sobremesa e você recusa porque está de dieta (legal, muito focado(a) você). Porém, quantos momentos iguais a este você ainda terá com sua vó? Releve algumas coisas pois são momentos de maior flexibilidade e menos ego.
Se eu pudesse fazer um apanhado geral aqui seria: se você é atleta recreacional, aproveite. Se você é de performance, também. Porém com maiores cuidados. Não permaneça mais que 10 dias inativo e equilibre sua alimentação e hidratação. Seu retorno agradece!
REFERÊNCIAS
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FISHER, James P.; CSAPO, Robert. Periodization and Programming in Sports. Sports, v. 9, n. 2, p. 13, 2021.
JUDGE, Lawrence W.; BURKE, Jeanmarie R. The effect of recovery time on strength performance following a high-intensity bench press workout in males and females. International Journal of Sports Physiology & Performance, v. 5, n. 2, 2010.
LORENZ, Daniel S.; REIMAN, Michael P.; WALKER, John C. Periodization: current review and suggested implementation for athletic rehabilitation. Sports Health, v. 2, n. 6, p. 509-518, 2010.
O’BRIEN, Conor P.; LYONS, Frank. Alcohol and the athlete. Sports Medicine, v. 29, n. 5, p. 295-300, 2000.