Nas últimas semanas o tratamento do Neymar, atleta de futebol, tomou conta das redes sociais e repercutiu muito no contexto da Fisioterapia e Medicina Esportiva.

O atleta tem mostrado em suas redes sociais alguns momentos do seu tratamento e, pelas imagens, parece estar sofrendo bastante.

Neymar Jr. em tratamento com seu fisioterapeuta. Imagens da rede social do atleta.

A reabilitação do ligamento cruzado anterior (LCA) é um processo longo e difícil, especialmente na fase inicial, onde inclusive o suporte psicológico é importante. A lesão se torna ainda mais difícil no início quando há associação de outra lesão, como é o caso de Neymar, que teve também lesão de menisco.

Se realizo sutura de menisco, o início do tratamento precisa de cuidados maiores, especialmente com apoio da perna no chão e ganho de movimentos. Este é um dos motivos da reabilitação de Neymar ter dado o que falar…

O ganho do movimento de flexão costuma ocorrer de forma gradual e não, necessariamente, associado ao sofrimento. Eu mesmo já falei em alguns locais que não há necessidade de ganhar flexão como faziam algum tempo atrás (colocar paciente de bruços e forçar a flexão do joelho, levando calcanhar na direção do glúteo).

Claro que há ressalvas para alguns casos e talvez ele seja um destes. De qualquer forma, desejo boa sequência na recuperação do atleta. Ele é um atleta do mais alto nível mundial, muito por isso também tudo que ele faz ou seus staffs fazem com ele gera muita mídia. Tratar um atleta desse porte é se expor ao mundo inteiro.

Se você passou ou vai passar por cirurgia do LCA, saiba que o alto sofrimento não é a regra. Lembro de um atleta de futebol (Gabriel Taliari, hoje no Juventude-RS) depois do nosso tratamento ter me relatado que o maior medo dele era o ganho de flexão, porém se surpreendeu por não ter sofrido com esse objetivo.

O trivial é isso. Foco inicial da reabilitação é a extensão, a flexão costuma ocorrer gradualmente.

Se você é fisioterapeuta, deixei uma postagem em meu instagram que pode interessar você sobre o ocorrido.

REFERÊNCIAS

BRINLEE, Alexander W. et al. ACL reconstruction rehabilitation: clinical data, biologic healing, and criterion-based milestones to inform a return-to-sport guideline. Sports Health, v. 14, n. 5, p. 770-779, 2022.

PIUSSI, Ramana et al. Self-reported symptoms of depression and anxiety after ACL injury: a systematic review. Orthopaedic Journal of Sports Medicine, v. 10, n. 1, p. 23259671211066493, 2022.

VAN MELICK, Nicky et al. Evidence-based clinical practice update: practice guidelines for anterior cruciate ligament rehabilitation based on a systematic review and multidisciplinary consensus. British journal of sports medicine, 2016.

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