Nos últimos anos um assunto tem sido bastante discutido para o tratamento e retorno ao esporte após cirurgias de joelho, especialmente cirurgias de reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA). Este assunto está atrelado ao aspecto psicológico, interferindo muito no retorno ao esporte e no desempenho do atleta ao retornar.

A Cinesiofobia, caracterizada pelo medo irracional de realizar algum movimento que lhe traga dor ou associação com movimento lesivo, é um grande desafio e está sendo levada a pauta para o tratamento fisioterapêutico após RLCA.

Muitos estudos mostram resultados que assustam a respeito da taxa de retorno ao esporte, do desempenho esportivo ou da mudança de esporte após RLCA. Muitos apontam resultados maior que 60% em todas estas variáveis. Ou seja, a cada 10 atletas, 6 não retornar ao esporte ou relatam redução em seu desempenho esportivo.

Muito em função disto, apenas critérios temporais e físicos não são suficientes para que o individuo retorne ao esporte. O aspecto psicológico do sujeito é preciso ser levado em conta e colocado à prova para que seu retorno ao esporte seja mais seguro.

A avaliação destes aspectos pode ser feita por relato ou por questionários, como o ACL-RSI e o TSK. Caso o sujeito não cumpra este critério verificado por tais questionários, é preciso intervir. E a intervenção dentro do tratamento precisa conter alguns componentes para o aumento da confiança.

Primeiro ele precisa confiar no profissional no qual ele está sendo acompanhado. Este é um passo básico! Falando em profissional, este precisa educar seu atleta com informações. Deixar o mais claro possível sobre as etapas e desafios do tratamento. Durante o tratamento, inclusive, é necessário a exposição ao risco gradual, para que o atleta perceba sua autoeficácia nas atividades propostas e se sinta mais confiante ao realizá-las fora daquele ambiente controlado. Por último, porém não menos importante é a elaboração de metas, que pode ser atrelada à educação do atleta.

Em conjunto, ambos vão conseguir passar por este desafio e proporcionar um retorno ao esporte com o melhor rendimento possível.

REFERÊNCIAS

ARDERN, Clare L. et al. The impact of psychological readiness to return to sport and recreational activities after anterior cruciate ligament reconstruction. British journal of sports medicine, v. 48, n. 22, p. 1613-1619, 2014.

BADAWY, Charles R. et al. Contemporary principles for postoperative rehabilitation and return to sport for athletes undergoing anterior cruciate ligament reconstruction. Arthroscopy, sports medicine, and rehabilitation, v. 4, n. 1, p. e103-e113, 2022.

BEISCHER, Susanne et al. How is psychological outcome related to knee function and return to sport among adolescent athletes after anterior cruciate ligament reconstruction?. The American Journal of Sports Medicine, v. 47, n. 7, p. 1567-1575, 2019.

FLANIGAN, David C. et al. Fear of reinjury (kinesiophobia) and persistent knee symptoms are common factors for lack of return to sport after anterior cruciate ligament reconstruction. Arthroscopy: The Journal of Arthroscopic & Related Surgery, v. 29, n. 8, p. 1322-1329, 2013.

SHEKHAR, Anshu et al. ACL repair for athletes?. Journal of Orthopaedics, v. 31, p. 61-66, 2022.

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