Não é possível falar de instabilidade crônica de tornozelo (ICT) sem antes falar sobre entorse de tornozelo. Afinal, esta é a causadora dessa tal de instabilidade.

Quem nunca teve uma entorse de tornozelo que atire a primeira pedra! Daqueles que estão lendo este texto agora, crio que poucos atiraram…

Isso porque entorse de tornozelo é uma das lesões mais comuns no meio ortopédico. Quando vamos analisar os sujeitos ativos, no ambiente esportivo, este valor aumenta ainda mais. E, muito provavelmente, por ser uma lesão comum, algumas pessoas acham normal seguir com atividade mesmo sem realizar o tratamento correto.

Porém, não confunda comum com normal. É comum a lesão? SIM. É normal seguir com sintomas? NÃO!.

No momento que escrevo este artigo, dia 20 de fevereiro de 2023, é o dia seguinte ao atleta Neymar Jr. ter sofrido mais uma entorse no tornozelo direito. O mesmo tornozelo que lesionou menos de dois meses atrás na copa do mundo, naquele jogo contra Suíça, em 28 de novembro de 2022.

Momento da lesão. Neymar Jr. em ação contra o Lille pelo Campeonato Francês em 19/02/2023.

Não é o seu segundo entorse, já foram alguns nesse mesmo tornozelo em toda sua carreira. Incluindo uma fratura em um dos ossos do pé. Talvez você esteja se perguntando por que isso acontece com tanta frequência e com tanta recorrência sobre ele.

Provavelmente temos nele um típico caso de ICT. O International Ankle Consortium caracteriza ICT como sensação de instabilidade ou recorrência de lesão em um período de seis meses. Parece que se encaixa, né?!

Porém ela pode durar mais de seis meses e seguir com novas lesões ou sensações de não estar com tornozelo totalmente normal. Em torno de 40% dos indivíduos evoluem para ICT. É muita coisa!

São 4 os sinais claros de ICT por um período maior que um semestre:

– Presença de dor;

– Edema;

– Diminuição de amplitude de movimento; e

– Falseio recorrente.

Se você já teve algum episódio de entorse, não seja negligente. O cuidado é fundamental para que não evolua para ICT. Falo como alguém que já negligenciou o próprio tornozelo. Minha primeira entorse foi quando criança, depois tive algumas outras no período da adolescência em um curto espaço de tempo. Todas ao lado esquerdo.

Como evitei que a situação persistisse? Tratei.

Quanto mais negligenciado for o tratamento, maior suas chances de estar nos 40% com ICT. Faça parte dos outros 60%!

REFERÊNCIAS

GRIBBLE, Phillip A. et al. Selection criteria for patients with chronic ankle instability in controlled research: a position statement of the International Ankle Consortium. journal of orthopaedic & sports physical therapy, v. 43, n. 8, p. 585-591, 2013.

HERTEL, Jay; CORBETT, Revay O. An updated model of chronic ankle instability. Journal of athletic training, v. 54, n. 6, p. 572-588, 2019.

LIN, Chiao-I. et al. The epidemiology of chronic ankle instability with perceived ankle instability-a systematic review. Journal of foot and ankle research, v. 14, n. 1, p. 1-11, 2021.

ROOS, Karen G. et al. The epidemiology of lateral ligament complex ankle sprains in National Collegiate Athletic Association sports. The American journal of sports medicine, v. 45, n. 1, p. 201-209, 2017.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *