As lesões musculares são comuns dentro do esporte – vários deles – e é necessário algum cuidado para que a mesma não se prolongue ou se torne um problema recorrente ao atleta. Afinal de contas, em uma lesão muscular, a recorrência é algo comum e não queremos que isto ocorra.

Um estudo recente verificou o histórico de 20 anos de lesões de isquiostibiais (posteriores de coxa) no futebol e notou uma recorrência de 18%. Ou seja, quase 1/5 das lesões voltam a ocorrer.

Para que isto não ocorra, é importante que desde o início da lesão, as tomadas de decisões sejam assertivas. Primeiramente… sentiu fisgar, saia do jogo ou treino. Não insista! As chances de você apenas aumentar a lesão são eminentes.

O primeiro foco é controle inflamatório e controle de edema. Para isto, um recurso simples: gelo. Mas falo gelo de verdade, não bolsas que esfriam. O gelo é muito mais efetivo. Aplique gelo no local a cada 2-3 horas por 20min. Não passe deste tempo para evitar queimaduras ou necrose.

Um erro comum é tomar medicamento ainti-inflamatório… Não tome este tipo de medicamento!

“Ah, Thiago, mas você não disse que é para reduzir inflamação?”

– Não! Eu disso para controlar, por isso o gelo. Inflamação controlada é algo positivo, pois é quem vai levar células satélites para o local da lesão e assim já estimular o processo de reparo tecidual.

Com isso, o medicamento anti-inflamatório atrasa o processo de reparo tecidual. Este é um erro comum inclusive entre os médicos. Está com muita dor? Tome um analgésico ou relaxante muscular, não recorra a um anti-inflamatório.

Até agora só passei informações sobre as primeiras horas após a lesão… Procure o quanto antes um profissional, seja médico ou fisioterapeuta do esporte para iniciar o quanto antes sua recuperação.

E quando falo o quanto antes é dia seguinte à lesão.

Tratamento fisioterapêutico inicial é importante para estimular o recrutamento de células satélites e contribuir para o reparo tecidual.

O gelo que comentei acima não vai passar de 4-7 dias (a depender da extensão da lesão), pois a partir deste período já é iniciado alguns exercícios para estimular o reparo tecidual de forma alinhada, sem concentração de fibrose no musculo.

Cumprir o tratamento é fundamental. E a duração deste vai depender de alguns fatores, como extensão da lesão, local, profundidade, idade e frequência às sessões. Dentro do tratamento alguns componentes devem ser trabalhados, como:

– Alongamentos, estáticos e dinâmicos;

– Fortalecimentos, em todas as fases de contração;

– Corrida, do trote até as mudanças de direção; e

– Saltos.

Ao finalizar o tratamento, manutenção do trabalho específico de força é fundamental para a prevenção de novas lesões.

Ah, já escrevi também sobre a prevenção de lesões musculares. Se interessou? Então clica aqui.

REFERÊNCIAS

EKSTRAND, Jan et al. Hamstring injury rates have increased during recent seasons and now constitute 24% of all injuries in men’s professional football: the UEFA Elite Club Injury Study from 2001/02 to 2021/22. British Journal of Sports Medicine, 2022.

NOONAN, Thomas J.; GARRETT JR, William E. Muscle strain injury: diagnosis and treatment. JAAOS-Journal of the American Academy of Orthopaedic Surgeons, v. 7, n. 4, p. 262-269, 1999.

URSO, Maria L. Anti-inflammatory interventions and skeletal muscle injury: benefit or detriment?. Journal of applied physiology, v. 115, n. 6, p. 920-928, 2013.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *