Os músculos da parte posterior de coxa, chamados de isquiostibiais (IQ) possuem este nome pelo seu local de inserção. Na parte proximal iniciam no isquio (osso da pelve) e seguem até a tíbia (osso da perna). O grupamento muscular é composto por três músculos:

– Bíceps femoral (cabeça curta e cabeça longa);

– Semitendíneo; e

– Semimembranoso.

Por ser um grupo muscular biarticular, onde passa por duas articulações, ele participa de dois movimentos específicos: A flexão de joelho (mais conhecido) e, também, de extensão do quadril, auxiliando glúteo para este movimento.

Sendo biarticular, sua complexidade aumenta. Tanto para a dificuldade de prevenir quanto para o tratamento. Desta forma, a lesão do IQ ocorre basicamente de duas formas, ou pelo excesso de contração (como ao realizar um sprint) ou pelo excesso de alongamento (onde há presença de flexão de quadril associada à extensão de joelho). O primeiro tipo costuma acometer mais o bíceps femoral e o segundo tipo o semimembranoso.

Um estudo publicado em 2021 no British Journal of Sports Medicine (BJSM), um dos principais jornais de medicina esportiva, fez uma análise por vídeo de 52 lesões de IQ no campeonato alemão entre os anos de 2014 e 2019. O mecanismo da lesão mais comum, 27 contra 25, foi por alongamento excessivo (o segundo tipo descrito acima). Porém não se engane ao pensar que é necessário alongar muito para haver uma lesão.

Considera-se mecanismo de alongamento quando o musculo está realizando uma ação excêntrica, ou seja, quando este encontra-se desacelerando o movimento. Neste estudo o musculo mais afetado foi o bíceps femoral.

Por conta da alta intensidade, a maior parte das lesões ocorrem nos jogos e não nos treinos. É necessário um bom controle de carga para minimizar as chances de lesão. Um desafio dentro do controle de carga dos atletas é a implementação de exercícios suficientes para que haja adaptações neuromusculares.

Mesmo em baixo volume, é importante a realização de exercícios de fortalecimento com foco na contração excêntrica para contribuir com a prevenção deste tipo de lesão.

São pontos-chaves para a redução de lesões de isquiostibiais:

– Monitoramento de carga;

– Qualidade no sono;

– Boa nutrição;

– Fortalecimento muscular;

– Fortalecimento com ênfase no trabalho excêntrico;

– Aquecimento prévio;

– Exercícios de agilidade e mudanças de direção; e

– Autoconhecimento do atleta sobre seu próprio corpo.

REFERÊNCIAS

GARCIA, André Gismonti et al. Hamstrings injuries in football. Journal of orthopaedics, 2022.

GRONWALD, Thomas et al. Hamstring injury patterns in professional male football (soccer): a systematic video analysis of 52 cases. British Journal of Sports Medicine, v. 56, n. 3, p. 165-171, 2022.

MIRANDA-COMAS, Gerardo et al. The role of workload management in injury prevention, athletic, and academic performance in the student-athlete. Current sports medicine reports, v. 21, n. 6, p. 186-191, 2022.

SADIGURSKY, David et al. The FIFA 11+ injury prevention program for soccer players: a systematic review. BMC sports science, medicine and rehabilitation, v. 9, n. 1, p. 1-8, 2017.

VAN DYK, Nicol; BEHAN, Fearghal P.; WHITELEY, Rod. Including the Nordic hamstring exercise in injury prevention programmes halves the rate of hamstring injuries: a systematic review and meta-analysis of 8459 athletes. British journal of sports medicine, v. 53, n. 21, p. 1362-1370, 2019.

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