Na útlima semana eu estava assistindo um programa de entrevistas e bate-papo do jornalista gaúcho Duda Garbi. Seu convidado era Rômulo Caldeira, atleta de futebol ítalo-brasileiro que atuelmente está sem clube.
A história dele me chamou a atenção, pois eu não tinha conhecimento sobre seu histórico de lesões. Em 2014, ele teve pubalgia que o acompanhou por um longo período. Esta fez com que o mesmo passasse por CINCO cirurgias. Sim, isso mesmo, cinco cirurgias.

Fui conferir, no transfermarkt, por quantos dias ele ficou afastado. Ao todo são 279 dias, quase 10 meses. Ao final o mesmo voltou a jogar e citou um tratamento feito com um italiano na época (não vou entrar no mérito do tratamento realizado).
Este relato do Rômulo é apenas uma das várias histórias dos atletas que sofrem com este tipo de dor. A dificuldade em retornar ao esporte é grande e em casos mais avançados as dores começam a surgir em situações da rotina, como tossir, sorrir, entrar e sair do carro, rolar na cama ou em relações sexuais.
Mas então o que fazer quando ela surge?
Será que é necessário passar por algum dos procedimentos cirúrgicos relatados por Rômulo?
No final do ano passado, nosso grupo publicou uma revisão sistemática no journal of orthopaedic surgery and research (JOSR). Traduzido para o português, o título do artigo é: “Tratamento conservador ou cirúrgico no retorno ao esporte de atletas com pubalgia: uma revisão sistemática”.
Para aqueles que quiserem o artigo na íntegra, basta clicar no nome do artigo acima.
Em uma revisão sistemática, nós reunimos todos os estudos (que se encaixavam nos critérios de seleção) para avaliar o melhor desfecho). Ao todo, foram 10 estudos selecionados, endo 7 sobre tratamento conservador e 3 de tratamento cirúrgico.
Ao contrário dos relatos do Rômulo, os indivíduos que passaram por cirurgia obtiveram um retorno ao esporte mais rápido, variando de 6 a 12 semanas, enquanto quem fez o tratamento conservador precisou pelo menos de 9 semanas para retornar.
Talvez você esteja um pouco confuso ao ler isto, pois sempre prezamos pelo tratamento conservador antes do cirúrgico. Calma! Vamos analisar além dos números…
Quando fazemos um estudo amplo desta forma precisamos entender que alguns estudos se diferem muito, isso inclusive dificulta cravar – na ciência – que algo é muito melhor que outro. A ciência é um eterno questionamento…
Os estudos se diferem muito e inclusive muitos não possuem critérios para retorno ao esporte, fator primordial para que a dor não retorne e que o individuo possa performar de forma excelente.
O que fazer então?
Inicialmente, o tratamento conservador. E dentro dos estudos incluídos percebemos que os tratamentos que realizaram mais exercícios foram os que obtiveram melhores resultados relacionados ao tempo de retorno ao esporte. Se o tratamento for muito passivo, algo está errado!
Caso o conservador não gere efeito sobre a queixa, então pode ser hora de passar a pensar no tratamento cirúrgico. Porém o quanto esperar também pode ser uma incógnita, alguns estudos citam três, seis ou até 12 meses de tentativa. Porém isto vai depender do quando o clube e/ou atleta está disposto a tentar.
Hoje, ao contrário do que havia em 2014, já existem outras técnicas dentro do tratamento conservador que podem contribuir para a melhora e retorno ao esporte.
Se você se interessou pelo conteúdo, pode se interessar também em assuntos de prevenção de pubalgia. Um dos primeiros artigos do blog foi sobre prevenção de pubalgia, que você pode ser clicando aqui.
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REFERÊNCIAS
SERAFIM, Thiago Teixeira et al. Return to sport after conservative versus surgical treatment for pubalgia in athletes: a systematic review. Journal of Orthopaedic Surgery and Research, v. 17, n. 1, p. 1-12, 2022.